O UNIVERSO DA ANÁLISE:

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terça-feira, 1 de junho de 2010

O rádio e a identidade local

Por: Damara Savoldi

Em meio aos avanços tecnológicos e a convergência de mídias, em que a informação assume cada vez mais um caráter globalizado, muito foi debatido sobre o desaparecimento ou não de alguns veículos de comunicação, como o rádio, que, diante da portabilidade, multiplicidade e instantaneidade da Internet, estaria com seus dias contados. A comunicação de massa à nível mundial esmagaria os veículos de comunicação interioranos, pois, a nova maneira de tratar a informação seria com foco global.
Esse paradigma vem sendo quebrado com a comprovação de que os veículos locais conseguem tratar dos interesses da população com presteza na região de abrangência. Neste caso, o rádio renasce na Era da Informação com força total para o jornalismo local. De todos os meios de comunicação, o rádio, segundo Comassetto (2007), “é que o tem mais aptidão para trabalhar questões de proximidade”, por que presta maior atenção ao seu entorno e consegue estabelecer empatia com o ouvinte ao discutir os problemas das comunidades, esquecidas no mundo globalizado.
Em Concórdia, as rádios AM entenderam a configuração desta dinâmica e trabalham sob uma ótica local vinculada ao contexto global. O “show do César Luís”, que vai ao ar todas as manhãs, das 8h ao meio dia, na Rádio Rural, está dentro desta perspectiva. O nome “show” caracteriza um programa de variedades, mas, também, com forte cunho jornalístico. É possível perceber que durante as quatro horas em que o programa está no ar, há intervenções de repórteres que vão para a rua e transmitem os acontecimentos locais. É concedido espaço para tratar por exemplo, de um problema de falta de água em um bairro. Portando, os moradores têm a chance de expor sua opinião e reivindicar seus direitos imediatamente em um canal de comunicação de maior abrangência na região do oeste Catarinense, que é o rádio.
Na Rádio Aliança, a programação do horário da manhã é semelhante à programação da Rádio Rural, com o “Programa Carlos Ferrarri”, que vai ao ar das 8h30 às 11h50, seguido por um jornal de formato noticioso local ao meio dia. Mesmo assim, o ouvinte tem opção de captar as notícias sob duas perspectivas (mesmo sendo ambas tendenciosas em algum sentido). Porém, não discutindo interesses políticos ou empresariais, estes exemplos situam que em Concórdia o rádio é um veículo com presença social muito forte. O jornalismo das rádios concordienses comprova que o local e a informação gerada na localidade não perderam importância diante da disseminação de uma idéia de “comunicação global”.
Isso não significa, por outro lado, que não se deva melhorar o conteúdo e discutir sobre o tratamento do mesmo. Também não significa, é claro, que se deva ignorar, que mesmo na localidade, existe relação de forças de dominação. Mas, é importante ter em mente que se não existisse um jornalismo local, a população tenderia a perder o sentido da verdadeira dimensão do real, já que, em nível nacional ou global, raramente Concórdia seria pauta em grandes meios de comunicação. O rádio contribui como um fator de identidade da região em que se estabelece.

Fonte: COMASSETTO, Leandro Ramires. A Voz da Aldeia – o rádio local e o comportamento da informação na nova ordem global. 1º Ed. Florianópolis: Insular, 2007

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