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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Jornalismo Esportivo Nacional x Jornalismo Esportivo Local

Por: Damara Savoldi

“Jornalismo é jornalismo, seja ele esportivo, político, econômico, social. Pode ser propagado em televisão, rádio, jornal, revista ou Internet. Não importa. A essência não muda, porque sua natureza é única e está intimamente ligada às regras da ética e ao interesse público”. Dito isso, Heródoto Barbeiro (2006) introduz o “Manual do Jornalismo Esportivo”. No livro, o autor dá dicas para trabalhar com o jornalismo esportivo, explicando sobre este segmento do jornalismo especializado.

Para o autor, o jornalista que trabalha na editoria de esportes não deve ser somente narrador de um jogo. Precisa ter conhecimento das leis desportivas, dos jargões característicos e ainda, ter uma visão geral do contexto no esporte local, nacional e mundial.

Porém, é muito comum confundir jornalismo esportivo com puro entretenimento. Os programas televisivos de esporte nas emissoras de televisão da rede nacional estão deixando o jornalismo em segundo plano e o esporte quase não aparece. Basta acompanhar a programação para perceber a falta de foco nos espaços dedicados ao esporte. Cada dia há mais fofoca, intrigas e merchandising. O importante é polemizar sobre os jogadores, os salários e a vida íntima.

Em âmbito local é possível perceber a importância do esporte e o espaço dedicado ao mesmo nos veículos impressos, entre jornais e revistas, e no rádio. Em Concórdia, o esporte “dá leitura”. Aqui, mesmo existindo uma forte cultura ligada ao Grêmio e ao Internacional, o Campeonato Interiorano é que movimenta os veículos de comunicação, ou seja, gera boas pautas. Segundo dados da Fundação Municipal de Esportes de Concórdia – FMEC, a edição 2010 do Campeonato Interiorano conta com a participação de 67 times nas Séries A, B, C e no Acesso e envolve cerca de 1.340 atletas.

Nesse sentido, há uma cobertura intensa do Campeonato Interiorano pelos veículos de comunicação. No Diário do Oeste Catarinense, diariamente são publicadas matérias sobre as equipes interioranas em três páginas dedicadas ao Esporte. No O Jornal, o espaço é o mesmo e o Interiorano pode ser encontrado nas duas edições que circulam durante a semana. A Rádio Rural e a Rádio Aliança se revezam na cobertura e narração dos jogos nos fins de semana, e noticiam boletins diários sobre este Campeonato.

No entanto, ao fazermos uma comparação entre o cenário nacional e local, encontramos diferenças gritantes no jornalismo esportivo. Claro que as realidades são diferentes, os jogadores e o capital envolvidos também. Porém, o que quero enfatizar aqui é o conceito de jornalismo esportivo, que é o mesmo, tanto para o local quanto para o nacional, no entanto, é feito de maneira diferente. Quando Heródoto enfatiza o cuidado em não transformar jornalismo esportivo em entretenimento, se refere à banalização atual do esporte nacional. O fato dos jogadores serem famosos os torna mais importantes que o esporte e assim, tudo vira jornalismo de fofoca e não jornalismo esportivo.

Com isso, podemos considerar que os veículos locais trabalham a editoria de esporte embasada na perspectiva da informação esportiva com qualidade, pois, como enfatiza Barbeiro (2006, p. 23) “não é função do repórter esportivo querer mudar comportamentos, dar lição de moral ou querer fazer qualquer julgamento sobre a vida privada de atletas, dirigentes ou outros atores da reportagem.”

FONTE: BARBEIRO, Heródoto. Manual do Jornalismo esportivo. São Paulo: Contexto, 2006

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