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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crônica como instrumento jornalístico

Por: Gislaine Zanella

“Colunistas de qualidade e de credibilidade” foi uma das minhas últimas pautas. Como mencionado anteriormente, um colunista não nasce de um dia para o outro. Para deter uma coluna nas páginas de um jornal impresso ou até mesmo em portais eletrônicos, exige-se respaldo e uma história de credibilidade.
Não ter receio de falar, mas falar de uma forma que o público não perca o respeito é uma das características plausíveis em alguns colunistas como Paulo Gonçalves, Leandro Ramires Comassetto, Jean Carlos Vilas Boas Souza, Douglas Fortes, Clélio Ivo Dal Piaz, Leonardo Boff, Cesar Techio, entre outros profissionais de “peso” que opinam em jornais, sites e também nas rádios de Concórdia. Não poderia deixar de mencionar ainda, o colunista do Diário do Oeste e jornalista, Gilmar Monticelli.
Para relatar histórias, vivências, ideologias, elogios e fatos para o leitor, Monticelli utiliza a crônica. Uma das formas mais antigas utilizadas pela comunicação no país, a crônica é considerada um gênero totalmente brasileiro. Para o pesquisador Martinez Albertos, o gênero opinativo é a “narração direta e imediata de uma notícia com certos elementos valorativos que sempre devem ser secundários a respeito da narração do fato de si”.
A crônica precisa ser um bate-papo, uma conversa, no entanto precisa conter uma linguagem poética, artística que traduza de forma diferenciada o fato ao leitor. Humor, temperamento, sátira, ironia, crítica, e às vezes até um pouco de cinismo, estão sempre presentes nas autênticas e irreverentes produções do colunista que envolve o público até as últimas linhas do texto.
Para exemplificar, compartilho a crônica de Monticelli presente na página de Opinião (2) do DOC na edição veiculada no dia 9 de junho.


O grande chá de perna
Por Gilmar Monticelli
Joelhos, varizes, músculos, nervos, quadris, coluna... paciência. Tudo isso foi treinado e submetido à exaustão no Grande Show da Espera. Não é de hoje que, no Brasil, cumprir horário é uma verdadeira cruzada, um sacrifício danado, uma peleja contra o próprio caráter tupiniquim. Infelizmente, somos assim. E não aprendemos. Começar algo na hora certa é, para nós, algo inaceitável. Talvez resquícios da preguiça verde-amarela, genética herdada desde os primórdios. Somos índios e escravos, afinal.
Há uma grande polêmica entre as conversas de bar, nas ruas, calçadas, lojas e por aí vai, sobre o atraso no início do show da dupla Vitor e Léo, os queridinhos do momento. Bem, povo (enquanto instituição) é almoçado cotidianamente pela propaganda. Está na mídia, é consumível. Disse que é bom e disse reiteradamente, vira verdade. Então, vale a pena qualquer esforço.
Ouço gente indignada por todos os cantos. A reclamação é geral. Ficar de pé, plantado a espera dos artistas enfureceu quem lotou o Centro de Eventos. Um chá de perna há muito não experimentado transtornou milhares. Eu disse, MILHARES!
Certo, vamos então tirar algo de proveito disso. Que as pessoas tenham este mesmo apetite que tiveram, ao tomar um chá de perna, do Vitor e Léo, para com os eventos culturais de Concordia. Afinal, nunca aconteceu de, por exemplo, alguém ficar esperando os artistas que se apresentam no teatro da Casa da Cultura e no Memorial Attílio Fontana. Eventos do Sesc, como o Sonora Brasil e tantos outros, são simplesmente ignorados pelos concordianos e suas famílias. Por que? Porque não estão na televisão, não aparecem no Faustão, nem são tocados nas rádios aqui da cidade, comprometidas até os tubos com o descartável.
Pena das pessoas que ficaram esperando? Me desculpe, mas não tenho! Povo que valoriza só aquilo que a televisão enfia olhos adentro, diariamente, como um mantra, e corre desesperado para comprar ingresso, como se o próprio Jesus estivesse atrás de um violão e de um microfone, precisa passar por isso, de vez em quando. Para cair na real!
Garanto que as manifestações artísticas verdadeiras, geradas aqui dentro de casa, jamais farão com que as pessoas fiquem esperando. É para elas que devemos comprar ingresso e levar os familiares.
O Projeto Palavras, do meu amigo Marcão, começa no horário, lá no Memorial. Nem isso, faz com que as pessoas corram desesperadas para ouvir poesia e música de primeira. Parece que temos uma tendência a gostar de apanhar, nosso lombo ainda tem espaço para mais bordoada. Já não basta a pústula política nacional. Quem nos menospreza, tem o nosso consentimento, nossa veneração... que chega ao ridículo da histeria, às vezes. Quem nos respeita, nós simplesmente desprezamos... porque não está na mídia!
Então, bom chá de perna a todos, pela vida adentro e afora!

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