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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dunga corta privilégios da TV Globo

Por: Damara Savoldi, Fabiana Martins e Geneci Loli

“A briga entre Dunga e a Rede Globo, escancarada pela emissora na noite de anteontem no programa "Fantástico", é mais um capítulo de uma disputa inédita por mais acesso à seleção brasileira”.
O repórter Tadeu Schmidt detalhou o episódio. Durante a coletiva, Escobar conversava com o próprio Schmidt ao telefone. Ao ouvir Dunga tecer críticas ao trabalho da imprensa, Escobar reagiu balançado a cabeça, em sinal de desaprovação. O treinador interrompeu a resposta que dava, sobre pressões para que Luís Fabiano deixasse o time e então interpelou Escobar: “Algum problema… Ah bom, pensei que tinha…” Enquanto outro repórter formulava sua pergunta, Dunga balbuciou palavrões e xingamentos – captados pelos microfones da sala de imprensa.
Mas, a rivalidade entre Dunga e Globo não é de hoje. “Ao longo dos últimos dois anos, o treinador encerrou décadas de privilégios da TV e partiu para o confronto”. Um exemplo ocorreu nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, após o jogo contra a Bélgica com a vitória brasileira por 3 a 0. Dunga se virou para a tribuna de imprensa e despejou uma série de palavrões, antes de um gesto irônico de 'tchau'. Tudo flagrado pelo telão do estádio. O destino da mensagem era os profissionais da Rede Globo.
A rivalidade realmente existe. Em todas as oportunidades, Dunga tenta se posicionar justificando sua conduta perante a seleção Brasileira. Ele entende que, o futebol deve ser praticado com patriotismo e profissionalismo. Na visão dele, não deve haver tanta interferência da mídia nas concentrações da equipe. Dessa concepção nasceram os problemas com a Rede Globo, que pela primeira vez foi barrada quando tentou transformar jogadores de futebol em astros para alimentar suas pautas.
“Nesse caminho”, o técnico partiu para um lado não aconselhável quando se quer defender uma ideia. Dunga, talvez por sua personalidade forte, “acumulou palavrões contra profissionais da emissora, pediu a cabeça de desafetos no canal e se colocou no papel de censor e crítico de reportagens”.
“Os primeiros pedidos da emissora negados por Dunga datam de maio de 2008, quando o Brasil fez um amistoso com a Venezuela em Boston. Na ocasião, o técnico vetou a participação de Diego e Robinho em programa. O ápice da disputa aconteceu quando pediu a demissão de Mário Jorge Guimarães, um dos principais profissionais da emissora até então na cobertura da seleção. Guimarães acabou deixando suas funções na Globo e assumiu um cargo executivo no Sportv, canal esportivo por assinatura da empresa”.
Mas, Dunga mostrou que levou as situações para o lado pessoal quando, “no ano passado, no próprio Sportv, atacou sem rodeios a cobertura que a emissora fazia sobre o time. Criticou reportagem do jornalista Mauro Naves, outro que esteve em Pequim, em que o profissional descrevia um treino da equipe como "leve" --Dunga detesta quando alguém fala que seu time não treinou pesado. Falcão, um dos principais comentaristas da emissora, é outro profissional da Globo na lista negra do técnico”.
“Em maio, no dia em que anunciou os 23 jogadores que iriam ao Mundial, Dunga fez rara deferência à emissora e concedeu entrevista ao vivo no "Jornal Nacional", dando sinais de uma trégua”. Descontraído e sorridente, Dunga respondeu com humor aos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. Quando questionado sobre a ausência de Neymar e Ganso na convocação, o técnico respondeu claramente: “A história na seleção demonstra que jogadores sem experiência que foram à Copa do Mundo não deram muito certo. Mas eles são grandes jogadores”. Quando os apresentadores compararam a seleção atual com a de 1994, Dunga gostou, justificando que esse foi um de seus objetivos: “resgatar a vontade de jogar pelo Brasil”. No fim da entrevista, houve uma brincadeira. Fátima perguntou para Dunga se ele já estava acostumado em ser chamado de professor. Ele respondeu sorrindo, que se sentia constrangido porque sua mãe era professora...
Esta atitude de Dunga mostrou maturidade, porque ele soube conduzir a situação, justificando suas escolhas na convocação com educação. “Na Copa, porém, a relação se deteriorou rapidamente depois que Robinho, em dia de folga, falou com a TV em um shopping --foi obrigado a pedir desculpa ao elenco”. Ao que parece, o técnico não soube expressar sua “política de liderança”, porque, mais uma vez, preferiu ser rude ao invés de explicar o contexto. Todo o time pagou por uma falha de comunicação. Segundo Robinho, ele não sabia da proibição.
“O ataque de anteontem foi a gota d'água, motivando a resposta da Globo, que deve azedar ainda mais uma relação que já foi umbilical”. Agora Globo e Dunga estão partindo para uma guerra inútil, que prejudicará a seleção Brasileira e os torcedores. A primeira, por perder o norte de conduta em campo e os brasileiros, por não serem informados jornalisticamente, mas somente de brigas fúteis e desnecessárias.

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