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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não basta ter voz bacana, é preciso conhecer

Por: Geneci Loli

Iniciar uma discussão sobre a importância da comunicação popular, mais especificamente sobre o rádio e ainda mais comunitário, requer o reconhecimento da democratização dos meios de comunicação, como possibilidade da circulação de informação e conhecimento. Ocasionalmente, os meios de comunicação produzem riquezas além do lucro de seus proprietários. Por vezes, até valorizam a cultura popular, mesmo a tachando de extraordinária e folclórica.

Há casos históricos em que mesmo faltando um ou outro desses aspectos em uma rádio, esta consegue prestar bons serviços à comunidade onde se insere. Há rádios que facilitam mais o acesso na programação. Outras, embora sejam conduzidas por pessoas comprometidas com a melhoria da “comunidade”, não têm tradição de facilitar o envolvimento amplo de representantes das organizações locais.

A contrapartida desse processo é a exaltação de “atitudes comunitárias” que agrupam as pessoas em volta de uma rádio comunitária, e apresentam voz legal para atuar nas rádios. Mas não basta ter uma voz bacana. Tem que se ter conhecimento, ser formado! Diante do papel desempenhado pelas rádios comunitárias, não há como abrir mão de conceitos teóricos indispensáveis para a compreensão das especificidades do processo de comunicação nas comunidades. A construção de uma comunidade e a convivência dentro da mesma não é simples. Envolve interesses, ideologias e paixões. Por outro lado, uma comunidade legítima oferece resultados tão consistentes que contagiam as pessoas envolvidas.

A rádio comunitária é facilmente reconhecida pelo trabalho que desenvolve, pois transmite uma programação de interesse social vinculada à realidade local. Não tem fins lucrativos, contribui para ampliar a cidadania, democratizar a informação, melhorar a educação informal e o nível cultural dos receptores, e na maioria das vezes não possui radialistas formados e capacitados para tal. A emissora radiofônica comunitária permite ainda, a participação ativa e autônoma das pessoas residentes na localidade, e de representantes de movimentos sociais nos processos de criação, planejamento e na gestão da emissora. Enfim, se baseia em princípios da comunicação libertadora que tem como norte a ampliação da cidadania.

Em razão desta diversidade, há que se ter cuidado na classificação. Radio comunitária, radio rural, radio cooperativa, radio participativa, radio livre, alternativa, popular, educativa… Algumas estações pertencem a organizações sem fins lucrativos ou a cooperativas cujos membros constituem sua própria audiência. No entanto, o que na maioria das vezes se vê por aí são locutores sem formação, sem conhecimento e sem nenhuma instrução de como fazer comunicação de verdade.

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