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quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Armagedon

Por: Damara Savoldi

16 páginas e 25 espaços, que se espalham ao longo do folhear, em quadrados, círculos e retângulos. São pequenos selos, imponentes rodapés, simples ¼ ou meias-páginas em magnitude e cor. Publicidades que reinam sob o cinza dos jornais. Os anunciantes estão dispostos a pagar, mesmo com valor agregado, o preço que for, porque há tempos publicidade se lê também em jornal impresso. As notícias, neste caso, vão disputando espaço com o Armagedon que caiu de cabeça no jornalismo.
Os dados que abrem este texto foram extraídos do Jornal Diário do Oeste Catarinense, que circula em Concórdia e região. Em suma, mostram que cada vez mais a publicidade está inserida nas formas de apresentação do jornalismo. Porém, segundo prezam as teorias jornalísticas, informar é sinônimo de objetividade, precisão, noticiabilidade e antônimo de venda. Esta distinção se torna confusa, ao ponto que, o financeiro de um veículo de comunicação é sustentado pelos anunciantes e suas oportunidades de consumo.
“[...] A publicidade é um cadáver perfumado. Sempre se diz a respeito dos defuntos: ‘Ele está bem-conservado, parece até que sorri.’ O mesmo vale para a publicidade. Acha-se morta, mas continua sorrindo.” As palavras de Oliviero Toscani explicam o título de seu livro: A publicidade é um cadáver que nos sorri (6ª Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005), no qual, sintetiza o que a publicidade pode causar em prol de uma sociedade mais alienada. Conceitos a parte, já dizia um velho ditado, “tudo que é demais faz mal”, e é desta maneira que devemos equilibrar a balança do jornalismo x publicidade. Apontar que o anúncio é o Armagedon de um jornal, seria criá-lo, porque fará mal somente se o deixarmos fazer. A questão está em “como” o jornalismo está fazendo seu papel.
Independente de cores, formatos ou quantidade, a publicidade é algo que está atrelado aos meios de comunicação. Vivemos em uma sociedade capitalista e consumista, que talvez nunca seja tão socialista quanto Marx almejou, no entanto, cabe ao jornalismo não transformar a publicidade em Armagedon. Os jornalistas, mais que informar, devem manter o equilíbrio entre o consumo e a alienação. A palavra é a arma do jornalismo para combater este tipo de demência, ou seja, a informação deve preparar o cidadão para saber distinguir entre o “ser” e o “ter”. Não há porque matar a publicidade, há que situá-la dentro de uma linha editorial.
Mais que gerar lucros, o jornalismo deve servir para auxiliar na compreensão dos fatos por parte da sociedade e estimular o pensar próprio. Se a mensagem chegar até o receptor sem ruídos, o Armagedon não terá mais forças. (Dados extraídos da edição 939 – Jornal Diário do Oeste Catarinense. Contagem de todas as publicidades da edição, exceto publicações legais)

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